jejum no evangelho da graça? Sim, Mas do Jeito Certo
Você já se perguntou se ainda precisamos jejuar hoje? Se existe jejum no evangelho da graça? Em um mundo onde a palavra “jejum” traz imagens de sacrifícios religiosos, promessas por bênçãos ou até um certo peso de obrigação, é fácil ficar confuso. Afinal, no evangelho da graça, após Jesus dizer “Está consumado” (João 19:30), o que sobra pra gente fazer?
Será que jejuar é uma regra que ainda carregamos nas costas ou algo que pode ser diferente? A resposta é sim e não. Sim, do jeito de Deus. Não, do jeito religioso. Vamos ver isso de perto juntos e ver o que a Bíblia realmente diz sobre jejum no contexto da graça, sem barganhas, sem fardos, mas com um propósito que faz sentido pra nossa vida hoje.
O Jejum que a Religião Inventou
Pensa comigo: quantas vezes você já ouviu alguém dizer que ia jejuar pra “conquistar” algo? Um casamento, uma casa própria, um carro novo, o Espírito Santo, mais santidade ou até poder espiritual. É como se Jesus fosse um caixa eletrônico: coloca jejum, aperta uns botões de oração e sai a bênção, mas será que é assim que funciona? Não, né? Jesus não é pra barganhar. Ele já pagou tudo na cruz, não tem nada que a gente precise oferecer pra “comprar” o que Ele já deu de graça.
Os fariseus, por exemplo, eram mestres nesse tipo de jejum religioso, em Mateus 6:16, Jesus critica eles: “Quando jejuam, mostram uma aparência triste, para que os outros vejam que estão jejuando.” Era um show, jejum pra impressionar, pra parecer santo, pra ganhar pontos com Deus ou com os outros, eles jejuavam duas vezes por semana, às segundas e quintas, como manda a tradição judaica, mas o coração tava vazio.
Era só fachada, e não parou por aí: achavam que jejuar dava poder pra expulsar demônios ou vencer tentações, em Marcos 9:29, quando os discípulos não conseguiram expulsar um demônio, Jesus fala de “oração” (alguns manuscritos adicionam “jejum”), mas o foco não era o ato em si, era a dependência de Deus, pois o jejum deles virava uma moeda de troca, não um encontro com o Pai.
Hoje, a religião ainda faz isso, já vi gente jejuando pra “forçar” Deus a agir, como se Ele precisasse de um empurrão. “Vou ficar sem comer três dias pra ganhar poder contra o pecado!” ou “Jejum de 40 dias pra ter o Espírito Santo!” Isso é barganha, não fé, a graça de Jesus já nos deu tudo: o Espírito (Efésios 1:13), a vitória sobre o pecado (Romanos 6:14), a liberdade do jugo (Gálatas 5:1), jejuar pra conseguir o que já temos é como pedir um presente que já tá nas suas mãos.
Jesus Jejuou, Então Eu Devo?
E o argumento: “Mas Jesus jejuou, então eu também preciso!” Será? Vamos olhar o contexto. Em Mateus 4:1-11, Jesus jejua 40 dias no deserto antes de enfrentar as tentações, Ele era judeu, vivendo sob a lei mosaica, e aquele jejum tinha um propósito maior, não era só pra “cumprir tabela” ou mostrar força, era pra ensinar que o homem não vive só de pão, mas da palavra de Deus (Mateus 4:4). Ele estava alinhado com o Pai, preparando-se espiritualmente pra missão que vinha pela frente, o jejum d’Ele apontava pra algo eterno: somos primeiro espírito, depois carne.
Mas aqui vai o pulo do gato: Jesus cumpriu a lei por nós (Romanos 10:4), Ele jejuou no contexto judaico, mas depois da cruz, o véu rasgou (Mateus 27:51), a obra tá feita, não precisamos imitar cada passo d’Ele pra sermos aceitos, Ele já nos aceitou.
Jejuar porque “Jesus jejuou” é cair na armadilha de copiar o ato sem entender o porquê ou cair em práticas da antiga aliança, o jejum d’Ele foi único, pra um tempo único, hoje, no evangelho da graça, o jejum ganha outro sabor, não é obrigação, mas oportunidade.
O Jejum que Deus Quer
Então, se não é pra barganhar nem pra imitar, o que é jejum de verdade? Isaías 58:6-7 dá a resposta que sacode tudo:
“O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?”
Deus não tá pedindo um estômago vazio pra te dar um troféu, Ele quer um coração cheio, cheio de amor, justiça, generosidade, o jejum que agrada a Deus não é sobre o que você deixa de comer, mas sobre o que você faz pelo outro, é abrir mão do egoísmo, do orgulho, da indiferença.
Isso é revolucionário, né? Enquanto os fariseus jejuavam pra se mostrar, Deus diz: “Jejue pra libertar.”
No evangelho da graça, isso fica ainda mais claro, Jesus já quebrou os jugos na cruz, o jejum agora não é pra “ganhar” liberdade, é pra viver ela, é um tempo de se desconectar do que nos prende e voltar o olhar pra Ele e pro próximo, não é sobre poder contra demônios ou tentações, a vitória já veio (Colossenses 2:15). É sobre crescer naquilo que Ele já plantou em nós.
Jejum Hoje: Desconectar pra Conectar
E como isso se aplica em 2025? Pensa no que mais te distrai hoje, não é só comida que ocupa espaço, são as telas, as notificações, o trabalho sem fim, as preocupações que viram um looping na cabeça, internet, redes sociais, mil abas abertas no celular. Já tentou contar quantas vezes pega o telefone num dia? Já se pegoui rolando o feed sem nem saber por quê? Isso rouba nossa atenção, nossa paz, nosso tempo com Deus.
Então, precisamos jejuar agora, no evangelho da graça? Sim, mas do jeito certo, não é tirar comida por tirar, é tirar as distrações pra crescer no entendimento das verdades do evangelho. Rever nossa caminhada de fé, lembrar quem somos em Cristo, ouvir o que Ele tem a dizer. Às vezes, isso é coletivo, as vezes a sós, não dá pra pular o individual, aquele momento só seu com Deus, sem ninguém olhando, sem barulho ao redor.
E a comida? Preciso não comer? Depende. Vai te distrair? Ou vai te ajudar a focar na Palavra? Jejum não é sobre “deixar de comer” como regra, é sobre um tempo tão especial que, às vezes, a gente até esquece da fome, já aconteceu muitas vezes comigo, mergulhei numa leitura da Bíblia e, quando vi, tinham passado horas sem nem notar.
A Graça e o Compromisso
Aqui vai uma chave, a graça não nos deixa relaxados, como se nada importasse, pelo contrário, ela nos leva a um compromisso maior com Deus, não é um compromisso pra provar algo, é uma resposta ao que Ele já fez. Romanos 12:1 diz pra oferecer nossos corpos como “sacrifício vivo”, e isso inclui nosso tempo, nossa atenção, jejuar, no evangelho da graça, é dizer: “Senhor, eu quero Te ouvir mais, Te ver mais, viver mais o que Tu já me deu.”
Os fariseus jejuavam pra se justificar, a religião jejua pra negociar, mas a graça nos chama pra jejuar por amor, amor a Deus e ao próximo, não é pra ter mais poder, mais santidade ou mais bênçãos, é pra enxergar o que já temos, um Salvador que venceu tudo por nós.
Jejum que Faz Sentido
Então, precisamos jejuar? Sim e não. Não do jeito religioso, pesado, cheio de “tem que”, sim do jeito de Deus, livre, simples, com o coração aberto, jejum hoje é se desconectar do que nos puxa pra trás e se conectar com o que nos leva pra frente. Pode ser sem comida, se te ajudar a focar. Pode ser sem celular, sem correria, sem distrações. O importante é o porquê: crescer na graça, ouvir a voz d’Ele, viver a liberdade que Jesus já conquistou.
Que tal tentar? Separa um tempo hoje, fecha a porta, silencia o mundo e deixa Ele falar, você vai ver, o jejum do evangelho da graça não pesa, ele alivia.
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